Contexto
O Mar com seu movimento incessante propaga-se pelo globo terrestre, guiado pelas correntes, pelo vento e as marés. O navegante sente e reconhece os movimentos e o seu corpo incorpora antecipadamente a dança universal de Gaia. Movimentos aleatórios e caóticos sobre uma superfície líquida, hora calmo e sereno, hora intempestivo e furioso. Uma incessante mudança de cenário acompanha o timoneiro em sua singradura.
Quando o vento traz a tormenta, uma enxurrada de água com ventos extremos, conduz o veleiro pelo mar a dentro. "De repente, não mais que de repente", a força da tormenta se desvanece e a calmaria se faz presente. A nostalgia toma conta e um novo cenário se anuncia.
É a dança que o oceano nos proporciona, conduzindo nosso ritmo ao balaço do mar, nos contamina e hipnotiza. O mundo líquido se estabelece, penetra e domina o cenário.
Pablo Neruda no poema "Los Enigmas" debruça sobre o imaginário do mar e cria narrativas poética que fazem parte da história lúdica e surrealista, inspirando um loucura sadia, a procura do entendimento da vida...
Do poema Los Enigmas.
Tu perguntas, o que a lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados? Respondo que o mar sabe. E por quem a medusa espera em sua veste transparente? Está esperando pelo tempo, como tu. Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu investigando as estrelas sem fim e em minha rede, durante a noite acordo nu". A única coisa capturada é um peixe dentro do vento".
O poema Enigmas diz sobre a sabedoria do mar, tem muito o que dizer e muito a ensinar para o fotógrafo. É um tema fascinante, desafiante e inquietante,... o que existe além do horizonte?. O mar sabe; estórias contadas das grandes navegações, os descobrimentos e os grandes desafios que forjaram a sabedoria dos que se desafiam à aventura no mar. Os mistérios e enigmas do mar encontram-se presentes nos livros, nos poemas, na música, na arte, na culinária e no imaginário popular.

O Mar produz arte e alimento dos deuses
Orestes Alarcon

Fotografias do fim do mundo. Patagônia Chilena
Orestes Alarcon
Objetivo inicial do projeto "O Mar Sabe" foi descrever com imagens e estabelecer uma narrativa dos registros fotográficos que considero impactantes para o público que admira o contraste que proporciona a fotografia P&B e levantar algumas questões a respeito do ambiente climático e suas rápidas mudanças.
Inspirado no poema de Pablo Neruda que descreve com maestria surrealista, perguntas e respostas que o Mar pode revelar e impactar o fotógrafo.
Os ambientes subantárticos da Patagônia representam sentinelas fundamentais para compreendermos os impactos das mudanças climáticas e da poluição, sobre a saúde do clima, da biodiversidade marinha e terrestre.
As fotos de Cabo de Hornos, no fim do mundo, mostram paisagens fortes e tempestuosas, que se aproximam com a incrível velocidade dada pelos ventos, mudando constantemente a paisagem.

Paisagem ao mesmo tempo inspiradora e agressiva. Canal de Beagle, Patagônia Chilena. Chuvas tempestivas e vento forte, pintando e varrendo o cenário.
Orestes Alarcon


A interação lúdica do homem com o mar. O vento, as correntes, as ondas, a ausência, dão o ritmo e compõem o cenário.
Orestes Alarcon



O silêncio da paisagem inspira a viagem ao desconhecido. Navegar cortando o mar e o céu, em busca do horizonte que se afasta.
Orestes Alarcon





Reserva da Biosfera - Patagônia
Orestes Alarcon
Puerto Williams - cidade mais meridional do Planeta
Fotografar no estreito de Magalhaes, passando pela rota de Darwin, Canal de Beagle, é ser surpreendido a cada instante por paisagens monumentais, com luzes contrastes e impactantes, especialmente ao olhar de nós tropicalistas.
Esse local desafiador para os navegantes e amado por ambientalistas, entre outros admiradores da natureza, é exuberante na sua flora e fauna e considerada uma das mais prístinas do mundo
A região é única no mundo por diversos motivos. Com exceção da Antártica, é a massa de terra mais austral do mundo, ficando cerca de 1000 km mais ao sul do ponto mais extremo da Nova Zelândia, há cerca de + 180º de longitude; os organismos ali sobrevivem a invernos severos, onde a radiação solar disponível para a fotossíntese se faz presente em não mais que 5 horas por dia. As temperaturas de terra e do mar são extremamente baixas e os ventos podem ultrapassar os 200 km/h.
A região geográfica Cabo de Hornos se distingue grandemente das massas de terra e oceano equivalentes nas altas latitudes do hemisfério norte. A proximidade de massas oceânicas, com um acentuado estreitamento da massa continental no extremo sul, situa-se entre os oceanos Atlântico, Pacífico e Austral, sendo entremeado por canais e fiordes. Dessa forma, possui uma interação singular entre fatores ambientais, marinhos e terrestres.
Sua singularidade está no fato da coexistência de uma baixíssima densidade populacional humana, conectada com um ambiente inóspito, mas com elevada riqueza biológica (fauna e flora) e mineral. O ambiente do fim do mundo apresenta um isolamento geográfico, tendo ao lado norte, tanto a região andina e seus glaciares permanentes como a região extremamente seca da patagônia Argentina e, nas demais direções, o Oceano. Lá está situada a floresta mais austral do mundo, com grande diversidade de líquens e briófitas. As turfeiras cobrem grandes áreas na região, ressaltando a importância desse ambiente prístino como um estoque e sumidouro de carbono, com relevância global.
O desafio agora é continuar essa expedição fotografando detalhes da flora, fauna, paisagens e como vive o povo local, em sua maioria originários que tem estórias para contar, como testemunha das mudanças climáticas.
Paraíso tropical
Segundo objetivo específico foi selecionar imagens do nosso belo e majestoso espetáculo proporcionado pela natureza dos trópicos; a calma e a leveza das coisas do mar tropical em contraste com as paisagens inóspitas do fim do mundo.
Por do Sol nos trópicos que atraí o fotógrafo, não podendo negar a si o registro de tamanha beleza. Vermelho, laranja do final do dia acrescentando novas cores ao azul celeste, pintando o céu no horizonte que inicia e finaliza o dia. O rosa toma conta da paisagem anunciando um novo ciclo.

Veleiro eco singrando os mares

veleiro em parati, praia dos vagabundos




Por do sol- Santo Antônio de Lisboa
Orestes Alarcon


A dança da maré. Paraty
Bill Gates, fundador da Microsoft

Capturando o vento - Rio Biguaçu
Orestes Alarcon

Santo Antônio de Lisboa. Esperando seu alimento


O pescador em paz com a vida.

Cultivo de ostras


O mar sabe e nos presenteia com sua beleza e o alimento
Orestes Alarcon

Fibonacci presente
Orestes Alarcon

Se você apenas trabalha em coisas de que gosta e pelas quais é apaixonado, não precisa ter um plano mestre de como as coisas vão se desenrolar. Veleiro ECO no mar tropical
Mark Zuckerberg, fundador do Facebook