Projeto Livro Foto/Texto - Fotografia & Ciência: "Mudanças Climáticas e Biodiversidade:            O Dilema Humano"

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Apresentação do Autor

Orestes Alarcon, Prof. Dr. em Engenharia de Materiais - UFSC, professor titular do curso de engenharia mecânica e materiais, aposentado compulsoriamente aos 75 anos... não deu mais para segurar. Agora me encontro virando a página na busca de novos desafios, acrescentando à minha experiência científica, tecnológica e educacional a fotografia como arte documental, explorando novos temas voltados a um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta no momento atual...o desenvolvimento sustentável. Motivado ainda durante minha carreira acadêmica, por esse tema tão instigante e fundamental para conservação da vida no planeta, acrescentei à minha experiência docente de engenharia um novo desafio - aprofundar no estudo do desenvolvimento sustentável, tendo criado há cerca de 15 anos a área de Engenharia para o Desenvolvimento Sustentável, ministrando disciplinas na graduação e pós-graduação no tema. Neste período me dediquei à formação de engenheiros, mestres e doutores para a academia e para o mercado empresarial. Essa nova abordagem, a meu ver, tem uma enorme importância na formação do engenheiro do século XXI, qual seja ter como compromisso maior construir um novo mundo, onde a engenharia para o desenvolvimento sustentável possa a ser seu guia mestre. O novo eixo conceitual e condutor dos projetos de engenharia, que possa acrescentar ao foco fundamental da engenharia - máximo rendimento e eficiência econômica -, novas abordagens de projeto, levando em consideração novas prioridades - os benefícios sociais e a preservação e conservação do meio ambiente.

Apesar do contato, ainda jovem, com a fotografia analógica, minha primeira experiência fotográfica digital foi em viagem a Puerto Williams, Chile, em outubro de 2023. O objetivo foi participar de um workshop com cientistas e engenheiros brasileiros e chilenos no Centro Internacional de Cabo de Hornos, visando construir um projeto binacional Brasil e Chile sobre mudanças climáticas e biodiversidade no fim do mundo - a terra do fogo. Essa viagem ao mundo ainda pouco conhecido por mim e, certamente, pela grande maioria das pessoas, me inspirou a desenvolver o projeto de um Livro - Foto/Texto com objetivo de desenvolver um novo conceito de divulgação científica, unindo Fotográfica e Ciência. Acredito que esse modelo será capaz de inspirar e sensibilizar corações e mentes, especialmente dos jovens e fotógrafos, para maior compreensão do mundo da ciência da vida, bem como os riscos de nossa sobrevivência no Planeta Terra, por efeito das mudanças climáticas e da perda consequente da biodiversidade.

Projeto Livro Foto/Texto - Fotografia & Ciência Mudanças Climáticas e Biodiversidade: o Dilema Humano. 

"Construindo pontes entre o fim e o centro do mundo

O segredo do conhecimento e da felicidade está em você fazer as coisas que te apaixonam, junto com pessoas também apaixonadas.

Orestes Alarcon. Professor, Engenheiro, Velejador e Fotógrafo.

1.Contextualização do Projeto e Antecedentes

O projeto Fotográfico "Mudanças Climáticas e Biodiversidade...o dilema humano" tem como desafio a edição de um livro Foto/Texto com o olhar na fotografia e na ciência, focado no grande dilema da humanidade - manter a saúde do planeta. Acredito que este modelo de divulgação e comunicação científica possa sensibilizar corações e mentes e colaborar para que o processo de mudanças climáticas com a consequente perda de biodiversidade, ora em curso, possa ainda ser de alguma maneira minimizada.

O sinal de alerta apontando para a "quasi" irreversibilidade dos processos de mudanças climáticas extremas provocados pelo aquecimento global do Planeta - efeito estufa - está atingindo o ponto de não retorno. O estagio de alerta já se encontra em cor laranja, segundo o Intergovernmental Panel of Climate Change das Nações Unidas - IPCC. Os registros de aumento da temperatura média do Planeta de +1,6 ºC - em relação ao início da era industrial - já foi atingido como previsto, alertado e temido pela Ciência desde o Acordo de Paris - COP 21 em 2015. As recomendações e acordos firmados para que a temperatura média do planeta não ultrapassasse a marca de 1,5 ºC não foram cumpridas e estamos diante de um imenso e crucial problema, rompendo as barreiras limítrofes e ultrapassando o ponto de não retorno.

O cientista escocês Johan Rockstrom, diretor do Instituto Potsdam de pesquisa sobre impacto Climático, vencedor do premio Nobel Ambiental, desenvolveu uma profunda análise teórica e experimental sobre os limites da natureza para sustentar a Vida no Planeta. Este trabalho foi divulgado pelo conhecido mundialmente naturalista inglês David Attenborough por meio do documentário "Rompendo Barreiras: A Ciência de Nosso Planeta" (NETFLIX) , o qual apresenta uma realidade estarrecedora: 4 das 9 barreiras (limites) para sobrevivência da vida Humana já foram ultrapassadas: mudança do clima; perda de biodiversidade; fluxos biogeoquímicos de nitrogênio e fósforo produzindo excesso de nutrientes nos cursos d'agua e; redução das florestas. As outras 5 encontram-se atingindo o ponto de inflexão, ou não retorno: uso da água doce; poluição química e por plásticos dos oceanos; acidificação dos oceanos; carga de aerossóis na atmosfera e; esgotamento da camada de ozônio estratosférico.

O cientista Carlos Nobre especialista brasileiro em climatologia tem advertido sistematicamente sobre os ricos de desaparecimento da Floresta Amazônica, a qual poderá transformar-se em Savana com o contínuo desmatamento e queimadas ainda hoje praticados - o prazo para isso ocorrer já é menor que 25 anos se medidas de desmatamento ZERO não forem tomadas pelos governos dos países que possuem a Floresta Amazônica. Encontramo-nos diante de risco de alerta vermelho, altamente provável, de extinção da Humanidade se medidas radicais não forem tomadas no curtíssimo prazo visando reverter essa tendência. A COP 30, a ser realizada em Belém do Pará no final de 2025, será um marco importante para tomadas de decisões concretas pelas Nações Unidas, ratificando novamente os compromissos assumidos há 10 anos pela Agenda da COP 21 em Paris. A COP 30 no Brasil será determinante para o futuro da Humanidade.

A ideia da criação do projeto com o tema Mudanças Climáticas e Biodiversidade surgiu a partir da realização do Workshop Bilateral Chile/Brasil. Neste foi idealizada a proposta de construirmos, em cooperação binacional, uma ponte da sócio biodiversidade entre o Fim do Mundo - o Cabo de Hornos e o Centro do Mundo - a Amazônia. Duas regiões icônicas para o controle e a manutenção do meio ambiente saudável com a estabilização do crescimento da temperatura média do planeta. Nesta ocasião, em outubro de 2023, foi realizada uma expedição científica envolvendo universidades dos dois países, capitaneada pelo Instituto Cabo de Hornos International Center, voltado a estudos sobre as Mudanças Climáticas Globais e Conservação Biocultural, o Instituto CHIC, sediado na cidade porto Puerto Williams - Chile e pela Universidad de Magallanes. Local ímpar pela sua única e importante biodiversidade subantártica, chamada também de "o fim do mundo", dado sua localização extrema e particular no planeta. Participaram do WS além do Instituto CHIC, a FAPESP/Fundo de apoio a Pesquisa do Estado de São Paulo, e as Universidades UMA/Chile, USP - Universidade de São Paulo, UFPR - Universidade Federal do Paraná e , UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina. Além de demais Institutos e universidades que aderiram posteriormente ao projeto: INPE/MCTI, UNESP; UFC; UFBA...

2.Objetivo do Projeto

A proposta está sendo construída no sentido do desenvolvimento de um projeto que possa vir a caracterizar, com dados científicos e imagens fotográficas, a importância da preservação de uma das regiões mais pristinas do Planeta. Um marco importante para entender e monitorar essas regiões, como uma referência de alerta das variações extremas do clima e da perda da biodiversidade, que exercem um papel relevante na manutenção do equilíbrio homeostático, ou resiliência do Planeta Terra - equilíbrio este que regula e sustenta a vida.

3.Desenvolvimento do Projeto

O projeto visa realizar registros fotográficos das paisagens e suas respectivas biodiversidades, tanto no Fim do Mundo como no Centro do Mundo, bem como retratar os povos que hoje compõem estas paisagens. São duas regiões icônicas, com características diversas, com relação ao clima e a biodiversidade, cujos registros fotográficos serão circunstanciados com dados científicos - físicos, químicos e biológicos, já levantados e publicados, bem como alimentados ainda por novos dados que serão obtidos durante as expedições. O objetivo maior será a edição de dois livros no formato Foto/Texto I e II, cada um deles referentes a cada região sociobiodiversa, os quais serão desenvolvidos em linguagem didática, em Português, Espanhol e Inglês, para públicos diversos: professores e alunos de escolas do segundo grau; universitários; empreendedores socioambientalistas; e para público apreciador da arte fotográfica.

3.1.Livro Foto/Texto I Cabo de Hornos - Mudanças Climáticas e Biodiversidade... o dilema humano no fim do mundo

O Fim do Mundo

O projeto Cabo de Hornos...o fim do mundo, será desenvolvido em abril de 2025, tendo como destaque o Canal de Beagle. Histórica rota navegada por Charles Darwin a bordo do veleiro inglês HMS Beagle em 1835, um dos canais do Estreito de Magalhães, denominado pela marinha inglesa como Canal de Beagle. O livro de Ricardo Rozzi* et all - La Ruta de Darwin en Cabo de Hornos -, diretor do Instituto CHIC - Cabo de Hornos International Center -, com a colaboração de Andrés Massillia da Universidad de Magallanes, no capítulo referente a biodiversidade dos bosques submarinos de algas KELP - é uma referencia importante de inspiração para o projeto. Trata-se de um livro editado pelas UNT Press e a Universidad de Magallanes, com conteúdo muito detalhado e completo sobre a viagem de Darwin e a biodiversidade deste canal, abordando com dados históricos um os locais mais prístinos do planeta, o fim do mundo (a também denominada "tierra del fuego"), que encantou a Darwin.

Este canal apresenta margens com isolamento geográfico extremos, do lado norte, tanto a região andina e seus glaciares permanentes, como a região extremamente seca da Patagônia Argentina e, nos demais sentidos, o oceano Atlântico e Pacífico e no sul o Oceano Antártico. Lá, está situada a floresta mais austral do mundo, que abriga grande diversidade de líquens e briófitas, com endemismo ao redor de 60% das espécies, paralelo ao endemismo de cerca de 90% das espécies lenhosas. As turfeiras cobrem grandes áreas na região, ressaltando a importância desse ambiente prístino como um estoque e de carbono com relevância global. O canal abriga uma das florestas aquáticas mais pristinas do planeta, constituída de bosques de algas marinhas gigantes denominada Floresta KELP (Macrocystis pyrifera), que abriga animais marinhos, peixes exóticos, crustáceos, moluscos e invertebrados.

3.2.Livro Foto/Texto II - O Centro do Mundo

No outro extremo ao norte da América do Sul, ligando a ponte sócio biodiversa encontra-se o centro do mundo, a floresta húmida equatorial Amazônica com sua biodiversidade "infinita". A maior reserva ambiental aquática e terrestre do planeta, a qual regula o clima e mantem a biodiversidade natural em equilíbrio, ocupando uma área de 5,5 milhões de km quadrados (30% da América do Sul) baseada no conhecimento e práticas de zelo e cuidados dos povos originários. O "pulmão do mundo", como é conhecido a Floresta Amazônica, devido à sua grande capacidade de reter água, absorver dióxido de carbono e produzir oxigênio e, além disso, abriga uma flora e fauna riquíssimas, com milhares de espécies de plantas e animais ainda desconhecidas pela ciência. Na Amazônia, o desmatamento irresponsável - acentuado pela visão econômica de ampliação da fronteira agrícola - e a exploração ilegal de recursos naturais, vêm apresentando resultados nefastos com consequências devastadoras para a biodiversidade, para o clima global em especial da América do Sul, bem como, para as populações indígenas que dependem da floresta para a sobrevivência dos povos da floresta, mas que ao mesmo tempo devolvem em troca a tarefa milenar de cuidar de sua casa, a Floresta Amazônica.

A cooperação internacional, como proposta neste projeto, visa um esforço conjunto para a preservação dos serviços ecossistêmicos desses dois extremos da grande ponte sociobiodiversa: no extremo sul - o Cabo de Hornos e; no equador, a Amazônia. Este esforço pode apoiar a criação de políticas públicas para a conservação, preservação e o desenvolvimento de alternativas econômicas sustentáveis, com vistas a assegurar o futuro dos serviços ecossistêmicos tão valiosos para o nosso planeta.

4.Livro Foto/Texto I Cabo de Hornos - Mudanças Climáticas e Biodiversidade... o dilema humano no fim do mundo

Este Projeto será desenvolvido no extremo sul do planeta, local impar que ainda mantem suas características de estado de equilíbrio geomorfológicas e térmicos bioquímicos, ainda sem alterações importantes ocasionadas pelas mudanças extrema do clima. Os registros fotográficos, junto com dados e narrativas científicas, serão testemunhas do estado atual da arte na região subantártica mais extrema do Planeta.

Um primeiro registro fotográfico experimental foi realizado em outubro de 2023, durante o traslado de barco/balsa pelo Canal de Magalhães e de Beagle , de Punta Arenas à cidade/porto mais austral do mundo, Puerto Williams, situada na Ilha de Navarino - Chile. Lá se encontra o Instituto CHIC - Cabo de Hornos International Center, voltado a estudos sobre as Mudanças Climáticas Globais e Conservação Biocultural, o Instituto mais CHIC do Fim do Mundo. Essas fotos estão editadas no texto a seguir.

A região Subantártica pode ser considerada um laboratório natural, pois é uma região ainda muito preservada, a qual permite não apenas observar e registrar causas e consequências das alterações globais, mas também desenvolver pesquisas e estudos relacionados à conservação regenerativa desses ambientes naturais. Devido a este conjunto de fatores, uma grande parte da região foi declarada pela Unesco, em junho de 2005, como a Reserva Mundial da Biosfera de Cabo de Hornos, não apenas a mais austral, mas também a de maior tamanho do Cone Sul.

Em abril de 2025 serão feitas novas expedições fotográficas e científicas , complementadas ainda por registros da biodiversidade terrestre e marinha e retratos dos povos originários atuais. A Região Subantártica pode ser considerada um laboratório natural, pois é uma região ainda preservada, atuando como sentinela das alterações na biodiversidade, permitindo não apenas observar causas e consequências das alterações globais, mas também observações e estudos relacionados à preservação e restauração de ambientes naturais. Devido a este conjunto de fatores, uma grande parte da região foi declarada pela Unesco, em junho de 2005, como a Reserva Mundial da Biosfera de Cabo de Hornos, não apenas a mais austral, mas também a de maior importância ecológica e tamanho geográfico do Cone Sul.

O projeto do Livro Foto/Texto I será organizado em 3 capítulos, com textos e registros de imagens impactantes que possam contribuir para sensibilizar "corações e mentes" sobre as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.

Capitulo I. Canal de Beagle e Puerto Williams Mar, Clima e Cidade/Porto.

Capitulo II. Compondo a Paisagem com a Biodiversidade

Capitulo III. Retrato da população e depoimentos.

Com exceção da Antártica, a região Cabo de Hornos é única no mundo. É a massa de terra mais austral do mundo, ficando cerca de 1000 km mais ao sul do ponto mais extremo da Nova Zelândia, do outro lado do mundo, há cerca de +~ 180º de longitude. Os organismos lá sobrevivem a invernos severos, onde a radiação solar disponível para a fotossíntese se faz presente em não mais que 5 horas por dia. As temperaturas de terra e do mar são extremamente baixas e os ventos podem ultrapassar os 150 km/h, devido sua aceleração pelo afunilamento dos canais margeados por grande montanhas.

A região geográfica do Cabo de Hornos se distingue grandemente das massas de terra e oceanos equivalentes nas altas latitudes do hemisfério norte. A proximidade de massas oceânicas, com um acentuado estreitamento da massa continental no extremo sul, situa-se entre os Oceanos Atlântico, Pacífico e Oceano Austral sendo entremeado por canais e fiordes. Dessa forma, possui uma interação singular entre fatores ambientais, marinhos e terrestres.

Sua singularidade está no fato da coexistência de uma baixíssima densidade populacional humana, conectada com um ambiente inóspito, mas com elevada riqueza biológica e mineral. O ambiente do fim do mundo apresenta um isolamento geográfico, tendo ao lado norte, tanto a região andina e seus glaciares permanentes como a região extremamente seca da Patagônia Argentina. Lá está situada a floresta mais austral do mundo - Kelp - com grande diversidade de líquens e briófitas. Também as turfeiras congeladas à milhares de anos cobrem grandes áreas na região, sendo as mesmas responsáveis por reter os gases fósseis armazenados há milhares de anos. O descongelamento das mesmas, ora em curso, será um fator de aceleração do aquecimento global, dado pela liberação de gás metano na atmosfera. Fato já exaustivamente publicado pelas pesquisas científicas.

Esse local desafiador para os navegantes e amado por ambientalistas é exuberante na sua flora e fauna. A importância deste cenário particularmente inóspito, funciona como um termômetro da natureza, capaz de indicar a tendência das mudanças globais extremas, sendo o mesmo, fundamental para mensurar, controlar e indicar tendências do nível de equilíbrio biológico, químico e termodinâmico, os quais são responsáveis pela manutenção da biodiversidade planetária e capaz de sustentar a vida. Acredito ser este um desafio importante para o fotógrafo, registrar este ambiente inóspito para entendermos melhor a riqueza deste local tão particular de nosso Planeta.

Meu desafio particular como pesquisador e fotógrafo é continuar esse percurso pelo Cabo de Hornos, fotografando paisagens e detalhes da flora e fauna, bem como, a vida do povo local, que têm estórias para contar como testemunha das mudanças climáticas e da biodiversidade.

4.1.Capitulo I. Canal de Beagle e Puerto Williams. Mar, Clima e Cidade/Porto.

No percurso de balsa pelo Canal de Beagle, de Punta Arenas a Puerto Williams, me saltou aos olhos as paisagens fortes e tempestivas, as quais se formam e se desvanecem com incrível rapidez. Os ventos fortes e variações térmicas mudando constantemente a paisagem.

As fotos foram obtidas com o barco em movimento e tempo fechado com baixo teto, como é típico da região, sendo utilizado alto ISO para as fotos. A intenção ao editar as mesmas foi produzir contrastes mais acentuados e granulações, que ao meu ver produzem efeitos interessantes para descrever o local de forma mais realista. Considero as fotos interessantes para o público sensível ao meio ambiente e as mudanças climáticas e que admiram os contrastes marcantes que proporcionam, especialmente, a fotografia P&B.

O Mar com seu movimento incessantemente modificado pelas correntes, pelos ventos e pelas marés, fazem o navegante sentir e incorporar os movimentos e o ritmo da dança universal de Gaia. Movimentos aleatórios e caóticos sobre uma superfície líquida, hora calma e serena, hora intempestiva e furiosa. Uma incessante mudança de cenário acompanha os navegantes em sua singradura.

Puerto Williams abriga, além de oficiais da marinha chilena, pescadores artesanais que buscam especialmente pela centolla (alta gastronomia) e velejadores de diversas parte do mundo, com seus veleiros que amam as aventuras, que enfrentam os ventos fortes e as "altasondas" da travessia do estreito de Drake, até a Península Antártica (esta travessia em particular, passa entre o encontro dos dois oceanos, Pacífico e Atlântico, onde se encontra uma placa geológica que produz uma diferença de profundidade com cerca de 2000 metros entre os dois oceanos.. o que provoca um Mar raivoso e temido pelos navegantes.

Puerto Williams abriga, além de oficiais da marinha chilena, pescadores artesanais que buscam especialmente pela centolla (alta gastronomia) e velejadores de diversas parte do mundo, com seus veleiros que amam as aventuras, que enfrentam os ventos fortes e as "altasondas" da travessia do estreito de Drake, até a Península Antártica (esta travessia em particular, passa entre o encontro dos dois oceanos, Pacífico e Atlântico, onde se encontra uma placa geológica que produz uma diferença de profundidade com cerca de 2000 metros entre os dois oceanos.. o que provoca um Mar raivoso e temido pelos navegantes.

Veleiros que desafiam a surpresa do inesperado...o mar sabe, o vento leva!

Foto Orestes Alarcon

Um ponto marcantemente inovador em Puerto Williams é seu Centro Internacional Cabo de Hornos para Estudos das Mudanças Globais e Conservação Biocultural - Instituto CHIC, conveniado à UMA - Universidad de Magallanes. O Workshop realizado lá, o qual motivou minha viagem, fortaleceu laços importante entre Brasil e Chile... expressada pela a marca simbólica do local, na parede do Instituto, uma arte em cobre, com ciprestes curvados pelos fortes vento, fechando um círculo, sugerindo ventos fortes e o reencontro.


Aquecimento Global e Biodiversidade ... você só precisa estar certo uma vez.

Foto Orestes Alarcon - Punta Arenas - Universidad de Magallanes

Centro Internacional Cabo de Hornos, para Estudos das Mudanças Globais e Conservação Biocultural - Instituto CHIC, conveniado à Universidad de Magallanes. Instituto mais CHIC do fim do mundo - Puerto Williams

Foto Orestes Alarcon

Navegando pelo Canal de Beagle

Paisagem ao mesmo tempo inspiradora e agressiva. Canal de Beagle, -Patagônia Chilena. Chuvas intempestivas e vento forte, pintando e varrendo o cenário.

Fotos Orestes Alarcon

A inspiração primeira que emerge e cria as bases conceituais para o projeto "Mudanças Climáticas e Biodiversidade...o Dilema Humano" vem de Gaia. A Deusa da Terra da mitologia Grega, a qual criou o caos, ordenou o cosmo e estabeleceu a harmonia. Gaia é retratada pela mitologia grega como uma mulher de aspecto maternal, cuja essência é o cuidado com a vida e sua preservação, inspirando os gregos em sua filosofia sobre a origem do Planeta Terra. Faz parte dos primórdios da cultura deste povo que estava a frente de seu tempo: Gaia gerou Urano - a Terra e; Pontos - o Oceano.

A visão contemporânea de Gaia, elaborada pelo cientista inglês James Lovelock, em 1979, e fortalecido pelos estudos da bióloga norte-americana Lynn Margulis**, só foi aceita pela Ciência Moderna após 4 décadas de intensas discussões. A teoria, na qual o Planeta Terra é um ser vivo, até então, não encontrava base sólida no pensamento do mundo científico do século passado, ainda muito Cartesiano. Somente após o desenvolvimento da visão Holística da Ciência*** é que a teoria Gaia passou a fazer parte do arcabouço científico, onde o clima e a biodiversidade em equilíbrio sustentam a vida. Lovelock criou os fundamentos para o que entendemos hoje a respeito dos riscos de extinção da humanidade com a intervenção do homem na natureza.

Segundo a hipótese de Lovelock, o planeta Terra é um imenso organismo vivo capaz de obter energia para seu funcionamento ecossistêmico, de regular seu clima e temperatura, eliminar seus detritos e combater suas próprias doenças, ou seja, preservar a vida e, assim , como os outros seres vivos um organismo capaz de se autorregular. De acordo com a teoria Gaia, os organismos bióticos controlam os organismos abióticos, de forma que a Terra se mantém em equilíbrio e em condições propícias para sustentar a vida no Planeta. Se as barreiras de equilíbrio homeostáticos da autoregulação forem ultrapassadas, o equilíbrio termoquímico e biológico do Planeta que mantêm Gaia vivo, entra em processo irreversível de colapso.

A inspiração para este projeto fotográfico vem também do grande Pablo Neruda. Poeta sul-americano que consegue, com maestria surrealista e incrível imaginação, respostas as perguntas que o Mar pode indagar e revelar ao artista, podendo impactar a alma criativa do fotógrafo. Em seu poema "Los Enigmas" Pablo Neruda debruça sobre o imaginário que o mar inspira, criando narrativas poética que fazem parte da história lúdica dos que se aventuram ao mar, inspirado em uma loucura sadia a procura do entendimento da vida. O Poeta, ouve o mar com suas indagações e as resposta surgem com o vento.

"Tu perguntas, o que a lagosta tece lá embaixo com seus pés dourados? Respondo que o mar sabe. E por quem a medusa espera em sua veste transparente? Está esperando pelo tempo, como tu...

Sou só uma rede vazia diante dos olhos humanos na escuridão e de dedos habituados à longitude do tímido globo de uma laranja. Caminho como tu, investigando as estrelas sem fim. E em minha rede, durante a noite, acordo nu. A única coisa capturada é um peixe dentro do vento".

O poema Enigmas diz sobre a sabedoria do mar, da vida vivida e comemorada... tem muito o que dizer e muito acrescentar ao o olhar do fotógrafo. É um tema fascinante, desafiante e inquietante. O que existe além do horizonte?... O mar sabe de estórias contadas pelas grandes navegações, dos descobrimentos e dos grandes desafios que forjaram a sabedoria dos que se desafiam a aventura no mar.

Os mistérios e enigmas do mar, as sereias, os monstros marinhos, deusas do Olimpo, a ninfa eco que retorna o seu chamado... todos esses mistérios encontram-se presentes nas narrativas das aventuras desafiantes, nos poemas, nas músicas, nas artes, na culinária e, claro, no imaginário popular.

Quando o vento traz a tormenta, uma enxurrada de água com ventos extremos conduz o barco pelo mar a dentro. De súbito, a força da tormenta se desvanece e a calmaria se faz presente. A nostalgia toma conta, e um novo cenário se anuncia...é a dança cósmica que o oceano nos propicia. Gaia nos conduz aos primórdios de nossa cultura planetária e também nosso ritmo ao balaço do mar, que nos contamina e hipnotiza, como a medusa em sua veste transparente.

O mundo líquido se estabelece, penetra e domina o cenário!!!.

Canal de Beagle - Paisagem ao mesmo tempo inspiradora e intensa. Chuvas tempestivas e vento forte, pintando e varrendo o cenário rapidamente.

Fotos - Orestes Alarcon









Sempre entregue mais do que o esperado. Larry Page, co-fundador do Google

Foto Orestes Alarcon - Para o Fotógrafo Engenheiro tinha que ter a engrenagem.

Caminante no hay camino, se hace camino al andar. Golpe a golpe, verso a verso. Caminante non hy camino, sino estelas en la mar

Don Antonio Macha Ruiz - poeta e dramaturgo espanhol - poema. Cantado por Juan Manuel Serrat, o Chico espanhol. - Foto Orestes Alarcon

Cientistas a bordo. Não se trata de ideias. É fazer as ideias acontecerem.

Scott Belsky, co-fundador do Behance - Fotos Orestes Alarcon







Puerto Williams, a cidade/porto mais austral do mundo
Coordenadas 54°56' S 67° 37' W

Fotos Orestes Alarcon



















Expectativas elevadas são a chave para tudo. Meus novos amigos chilenos da Universidade de Magalhães com seu Instituto mais CHIC do fim do mundo

Centro Internacional de Cabo de Hornos - CHIC





4.2.Capítulo II Compondo a paisagem com a flora e fauna do fim do mundo.

Esta será a etapa subsequente do projeto fotográfico, livro foto/texto sobre o tema "mudanças climáticas e biodiversidade, o dilema humano". Há de se pensar hoje, que não será mais pelo que temíamos, na década de 60/70, a era do grande impasse da destruição nuclear, apertar o tal botão vermelho. Mas sim pelo desleixo humano, a falta de humanidade e de entender o valor da natureza, especialmente dos homens, senhores da razão objetiva. Creio que somente as mulheres saberiam cuidar melhor do Planeta, cuidar dos filhos de Gaia.

No capítulo dois "compondo a paisagem com a flora e fauna" o projeto inclui retratar a fauna e a flora que compõem a biodiversidade do fim do mundo. A saúde de Gaia ainda foi pouco alterada; onde os organismos bióticos controlam perfeitamente os organismos abióticos e garante o equilíbrio e as condições propícias para sustentar a vida no Planeta Terra. As condições climáticas extremas que lá existem, aliado a dificuldades de acesso, contribuem para a conservação deste local inóspito, de baixa densidade populacional, o qual mantêm as condições de equilíbrio ecológico da natureza.

Flora e fauna marinha - ecossistemas aquático do Canal de Magalhães - Florestas de algas Kelp e o crustáceo Centolla.

Foto Mathias Hune - gentileza do Prof. Andrés Mansillam - Universida de Magallanes

A fauna e a flora na região subantártica é única ... abriga a maior floresta marítima constituída de algas gigantes, Floresta Marinha - Kelp. Devido suas características geoclimáticas essas florestas submersas realizam sequestro de carbono da atmosfera, avaliado em 4,8 milhões de toneladas de CO² por ano. Uma contribuição fenomenal, similar em grandeza á Floresta Amazônica, outro bioma ancoradouro da saúde de Gaia na redução dos gases efeito estufa. Ambos ecossistemas podem dar suporte para que a temperatura média do planeta não ultrapasse 1,5°C - Acordo de Paris - COP 21.

A redução das florestas marinhas, consequência do aumento gradativo da temperatura global do planeta, pode adoecer Gaia, provocando um estado febril, como antecipado por Lovelock. Este efeito, acrescido do descongelamento das regiões turfeiras milenares cobertas por geleiras, estão em processo contínuo de derretimento, gradativamente liberando carbono e hidrogênio para atmosfera. Esta liberação de CH4, pode acelera definitivamente o aquecimento global a ponto de quebrar o equilíbrio estabelecido em milhões de anos. Os mecanismos e o time para isso ainda são difíceis de quantificar, pela dificuldade de antecipar com precisão os feedbacks positivos que alimentam o processo, como por exemplo: o efeito albedo - diminuição da refletividade do gelo, do branco para o mar escuro; a redução da biodiversidade no mar pelo embranquecimento - mortalidade dos bancos de corais e; sobrepesca.

A proposta no capítulo 2 é fotografar a flora submarina, composta pelos bosques exuberante de algas, bem como sua fauna de animais marinhos, animais terrestres e aves, as quais ainda mantêm o ciclo da vida em contínuo equilíbrio homeostático. Até quando???. Somente o "tempo" para o fim do mundo, literalmente, tem a resposta!!!

O projeto será experenciado com fotos coloridas do outono, no mês de abril de 2025. Me parece que fazer as fotos em cores nesta época poderá retratar melhor a beleza e grandiosidade do local, sua flora e fauna.

4.3.Capítulo III Terra do Fogo, no fim do mundo Retrato da população e depoimentos.

O desafio que se apresenta no Capítulo III é fotografar e entrevistar a população deste local inóspito que habita o fim do mundo, os que vivem nas cidades, vilas e povoados de pescadores.

Não existem mais os povos originários para contar estórias e saírem na foto. Existem sim documentos históricos sobre esse povo que navegava pelos canais do estreito de Magalhães, com uma fogueira dentro de suas canoas. Os relatos dos "civilizados" europeus que denominaram esta região, ainda desconhecida, a denominaram, além de Fim do Mundo, "La Tierra del Fuego".

É curiosa e inusitada a história narrada pelos navegantes exploradores europeus do século XV, que avistavam ao longe fogos dentro do mar; um mistério que posteriormente foi explicado pela existência de fogueiras que os povos originários - Los Patagones - da região usavam em suas canoas.

https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f1/Patagones_1827.j

Na cidade de Puerto Williams predomina a Marinha Chilena, autoridade local, que zela pela soberania da Ilha de Navarino e demais ilhas chilenas, bem como de parte do Canal de Beagle. Além de pescadores que vivem de uma riqueza gastronômica excepcional, as Centollas típicas dos mares gelados.

As fotos serão em P&B com contraste similar aos já desenvolvidos nas fotos anteriores que compõem o Capítulo I.

5.Livro Foto/Texto II Floresta Amazônica - Mudanças Climáticas e Biodiversidade... o dilema humano no centro do mundo

O Centro do Mundo Amazônia - A Floresta, os Rios e os Povos Originários

O Livro Amazônia, o Centro do Mundo, será desenvolvido durante a COP 30 - 2025, em Belém do Pará. Nessa oportunidade serão apresentados os resultados do Livro Foto/Texto I, com relatos audiovisuais e fala de cientistas, navegadores e povos originários. Também, será a oportunidade de desenvolver o Foto/Texto II, a partir de Julho de 2025, com a expedição do Veleiro Eco de Florianópolis a Belém do Pará reunindo-se, em cada porto, com cientistas e gente do mar para discussão e participação no projeto.

A ponte entre o fim e o centro do mundo, construída em cooperação Brasil/Chile, será feita pelo veleiro ECO. São de fato duas regiões notáveis com extrema importância e absolutamente sociobiodiversa, com riqueza potencial que, em grande medida, representam um marco de sustentabilidade da vida no planeta e, que juntas, são termômetros e sentinelas das mudanças globais extremas do clima e as consequentes perdas nas biodiversidade, ora em curso.


No Blue No Green - Sylvia Earle - Cientista que criou o conceito e marca Mission Blue

Foto Orestes Alarcon - idealizador e construtor do Veleiro ECO - Expedição Científica Oceanográfica - UFSC

O Arco dos Ciprestes do Fim do Mundo - Instituto CHIC

Foto Orestes Alarcon - Obra de Paola Vezzani @paolavezzani - Circulo de Vida


25 Abr 2025

Projeto Livro Foto/Texto - Fotografia & Ciência: "Mudanças Climáticas e Biodiversidade:            O Dilema Humano"

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